Última alteração: 2011-10-10
Resumo
O processo de comunicação científica tem sofrido nos últimos anos alterações profundas, relacionadas com uma emergente sociedade do conhecimento baseada nas redes de informação. Estas alterações passam essencialmente pelos novos meios e formas de publicação dos resultados científicos e sua divulgação e pela crescente diversidade de fontes e meios para aceder à informação. Os investigadores enfrentam nos dias de hoje desafios crescentes a este nível e torna-se fundamental que tenham à sua disposição serviços, informação e estruturas de apoio no seio da instituição onde desenvolvem a sua actividade. A disponibilização dos resultados de investigação científica em Acesso Aberto, ou Open Access é um dos meios essenciais para o aumento do impacto dos resultados da investigação científica. Atentas a esta realidade, cada vez mais as bibliotecas académicas integram na sua missão e objectivos o papel de facilitadoras da publicação científica e de produtoras de informação, promovendo desta forma a visibilidade e o impacto da investigação produzida na instituição.
A presente comunicação tem como objectivo apresentar a estratégia de intervenção das Bibliotecas da Universidade de Aveiro (UA) ao nível do apoio ao investigador e da promoção do Acesso Aberto na Universidade, abordando especificamente os projectos em curso e respectivas particularidades. Pretende ainda partilhar os vários constrangimentos e desafios detectados nos vários processos.
Nos últimos anos as Bibliotecas da UA intervêm de forma activa ao nível do apoio ao investigador e da promoção do Acesso Aberto na Universidade e desenharam a sua estratégia com base em três linhas essenciais, levadas a cabo em colaboração com os Serviços de Tecnologias de Informação e Comunicação da UA:
- A integração de sistemas de informação e de conteúdos. Neste contexto, de destacar o desenvolvimento e implementação no RIA, Repositório Institucional da Universidade de Aveiro, baseado em software DSPACE, de mecanismos que permitem a criação de workflows simplificados e que consistem na recolha automática de dados bibliográficos de bases de dados na Web ou de sistemas de gestão de bibliografias. Exemplo disso é o mecanismo que o investigador pode activar no momento do depósito de documentos no repositório, que realiza uma de pesquisa de artigos da sua autoria existentes em bases de dados como a ISI Web of Science e a SCOPUS e efectua a recolha automática dos mesmos em formato RIS, um formato standard para troca de dados. Este procedimento constitui-se como uma ajuda determinante para os autores, na medida em que facilita o preenchimento dos formulários de metadados e permite à Instituição e aos próprios investigadores o depósito dos dados retrospectivos e correntes. Consideramos também objecto de atenção ao nível da integração de sistemas, o processo de migração de dados e conteúdos digitais relativos às teses de doutoramento e dissertações de mestrado (cerca de 3000) efectuado do Sinbad, o sistema integrado que permite o acesso à Biblioteca Digital da Universidade de Aveiro, para o RIA – Repositório Institucional da Universidade de Aveiro.
- A facilitação e mediação no processo de publicação científica em Acesso Aberto e no auto-arquivo de documentos. O serviço de alojamento de revistas científicas da UA, baseado em software open source OJS (Open Journal Systems) e iniciado em Maio de 2009, teve desde o início duas linhas essenciais: uma lógica de grande proximidade com os editores das revistas incluídas e um enquadramento institucional, aspecto indispensável em projectos desta natureza.
- Criação de soluções “à medida” das necessidades da comunidade da UA, de forma a contornar os vários constrangimentos ligados à disponibilização dos conteúdos em Acesso Aberto. A este nível é de referir a importância do desenvolvimento e implementação no software que suporta o RIA - DSPACE, de um mecanismo que permite a restrição de acesso aos documentos depositados (embargo) por períodos de 6 meses, 1 ano e 2 anos. Esta possibilidade de embargo permite ao autor cumprir com a política de auto-arquivo definida pela UA e, simultaneamente, posicionar-se perante as restrições de copyright decorrentes da publicação de artigos em revistas científicas de editores comerciais.
Não menos importante, quando falamos da implementação de soluções à medida da comunidade, é a criação, no RIA, de um sistema próprio de controlo de autoridade para autores e co-autores, que resulta de uma integração com um sistema de informação da Universidade que realiza a gestão de utilizadores.