, CONFOA 2011

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REDES DE COLABORAÇÃO ENTRE PESQUISADORES DA ÁREA DE QUÍMICA DOS PAISES INTEGRANTES DO BRIC – BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA
Eloísa da Conceição Príncipe de Oliveira

Última alteração: 2011-10-10

Resumo


REDES DE COLABORAÇÃO ENTRE PESQUISADORES DA ÁREA DE QUÍMICA DOS PAISES INTEGRANTES DO BRIC – BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA

A internacionalidade e interdisciplinaridade das ciências e os avanços das tecnologias de informação e comunicação (TICs) tem gerado um aumento substancial na rede de colaboração/cooperação entre pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, situação essa que varia de acordo com a especificidade de cada área, estrutura, composição e tamanho do grupo de pesquisadores envolvidos. O movimento de acesso livre à informação colabora com esse panorama, a medida que promove novas práticas e alternativas na comunicação científica. Esse movimento toma impulso em todo o mundo a partir das declarações BBBs - Budapest Open Access Initiative (BOAI, 2002), Bethesda Statement on Open Access Publishing (2003) e Berlin Declaration on Open Access to Knowledge in the Sciences and Humanities (2003). Nesse perspectiva, a pesquisa objetiva traçar um comparativo em relação a colaboração internacional dos pesquisadores da área de Química, no âmbito dos países integrantes do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)[1], tomando como campo de aplicação as revistas científicas dessa área indexadas na base Scopus, mais especificamente inseridas na plataforma SCImago Journal & Country Rank (SCR), no limite temporal dos anos de 2005 a 2010. Segundo Vilan Filho, Souza e Mueller (2008) a prática de colaboração entre cientistas para a produção do conhecimento não é uma atividade nova na ciência moderna, mas a sua adoção toma impulso pelo “método de ensino empregado pelo químico Justus von Liebig, da Escola de Química Orgânica na Universidade de Giessen, Alemanha, no século19, que envolvia alunos como colaboradores hierarquicamente menores nas pesquisas por ele planejadas.” Porém, continuam os autores, é a partir do final da segunda guerra mundial, principalmente nas chamadas ‘big sciences’ e no desenvolvimento de tecnologias então emergentes, que esse modo de produzir e disseminar ciência é acolhida entre os pesquisadores. A Scopus é uma base multidisciplinar, criada pela Elsevier B.V. [2], que abrange diferentes tipos de documentos, como patentes, fontes da web, periódicos de acesso livre ou não, trabalhos de congressos e conferências. Quando foi lançada, em novembro de 2004, possuía cerca de 14 200 títulos de periódicos e, atualmente, possui mais de 18 mil títulos[3]. Esses títulos são agrupadas em grandes áreas - Ciências Físicas (7 200 títulos), Ciências Biológicas (4 300), Ciências da Saúde (6 800) e Ciências Sociais e Humanidades (5 300)[4] – e classificados por áreas (441) e sub-categorias (33). A base oferece, também, ferramentas para estudos bibliométricos e produtos que permitem uma avaliação da produção cientifica mundial, através de diferentes estratégias de busca com a apresentação de gráficos e tabelas. A base inclui documentos de 236 paises; a China é a segunda colocada com 1 837 942 documentos, logo após os Estados Unidos; a Índia é o décimo país com 528 024 documentos, a Rússia ocupa a décima segunda posição (479 095) e o Brasil e o décimo quinto país em numero de documentos indexados (325.549). Devido à força dos avanços que a Química e suas pesquisas vêm vem proporcionando a humanidade, em termos de melhoria de qualidade de vida, quer na área medica, ambiental, de telecomunicações, alimentos, novos materiais, energia, comércio e segurança, por exemplo, não é de surpreender que esta área possa estar assumindo uma posição de vanguarda no cenário científico internacional. O Ano Internacional da Química, proclamado em 2011, objetiva a celebração das grandes descobertas e dos últimos avanços científicos e tecnológicos da química, além de comemorar o centenário aniversário do Prêmio Nobel em Química (1911) recebido pela cientista polonesa, licenciada em Química e Física, Marie Sklodwska Curie(1867-1934). A delimitação temporal justifica-se pela provável maior inserção de revistas cientificas após os manifestos BBBs, gerando maior disseminação dessa filosofia e cuja prática vem sendo adotada em todo o mundo; o limite geográfico aos países do BRIC fundamenta-se na necessidade de verificar se esses países, além de estarem assumindo uma posição de destaque em termos econômicos, colaboram, em termos internacionais, na geração de conhecimento e nos relatos das pesquisas produzidas e publicadas em revistas especializadas, colaborando no desenvolvimento científico da área. Na coleta e análise dos dados foi selecionado o link COMPARE do SCR, efetuando-se a busca pelos 4 (quatro) países do BRIC e selecionando-se a área de Química em todas as suas sub-área. Como resultado a plataforma apresentou uma lista de indicadores, representados por gráficos e tabelas, sendo selecionado o item `colaboração internacional`. O gráfico gerado apresenta a porcentagem de documentos com mais de um pais de afiliação, no período de 1996 a 2010, seguido por uma tabela cronológica crescente. Os resultados obtidos apontam para uma colaboração intensa, mas apresentando oscilações ao longo do período estudado. O Brasil mostra um declínio acentuado a partir de 1997 ate 2001 e, entre 2002 e 2010, apresenta uma uniformidade razoável perante os demais países integrantes do BRIC. A Rússia inicia o período com cerca de 15% na pratica colaborativa, alcançando quase 30% em 2004 e, após esse período, um declive ate 2010. A Índia apresenta um ápice nos anos de 2003 e 2004, seguido de uma pequena queda que se matem estável ate 2010. A China aparece em 1996 com um percentual de quase 20%, declinando nos anos posteriores e apresentando elevação em 2003 e 2004 que se mantém ate 2010. De maneira geral, todos os países apresentam elevação e declínio gradativos no período estudado. A práticas da colaboração não e uniforme em todos os países integrantes do BRIC. A queda e o aumento podem ser em virtude de cortes e estímulos nas reduções orçamentárias e políticas governamentais na área de fomento, apresentando conseqüências na linha de tempo pesquisada, o que parece corroborar com a idéia de que o movimento de acesso livre a informação, na área, período e âmbito geográfico definidos nesta pesquisa não apresentam uma absorção significativa ao processo de práticas colaborativas na geração de artigos científicos publicados nas revistas indexadas na base Scopus.


[1] A área econômica refere-se aos paises integrantes do BRIC como os grandes mercados emergentes do mundo; em 13 de abril de 2011, o "S" foi oficialmente adicionado à sigla BRIC para formar o BRICS, após a admissão da África do Sul (em inglês: South Africa) ao grupo. A sigla original "BRIC" foi cunhada por Jim O'Neill em um estudo de 2001 intitulado "Building Better Global Economic BRICs". Desde então, a sigla passou a ser amplamente usada como um símbolo da mudança no poder econômico global. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/BRICS>. Acesso em: 8 ago. 2011.

[2] De origem holandesa, a empresa é uma das mais antigas e conceituadas casas editoriais do mundo nas áreas de Ciência, Tecnologia e Saúde.

[3] Dados de 9 de agosto de 2011. Disponível em: <http://www.americalatina.elsevier.com/sul/pt-br/scopus.php>.

[4] Disponivel em: <http://www.elsevier.com/wps/find/subject_area_browse.cws_home?SH0=SS&SH1=S03&sh1State=-0-S03&sh2State=&SH0Only=&allParents=y#label8>. Acesso em: 9 ago. 2011.


Palavras-chave


Comunicação Científica; Acesso Aberto; Acesso Livre