, CONFOA 2011

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PLANEJAMENTO, ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL A PARTIR DOS DADOS DE USO E CONTEÚDO DO REPOSITÓRIO INSTITUCIONAL
Caterina Groposo Pavão, Janise Silva Borges da Costa, Manuela Klanovicz Ferreira, Zaida Horowitz

Última alteração: 2011-10-10

Resumo


Este trabalho pretende mostrar como os dados estatísticos de uso e conteúdo de um repositório institucional podem ser utilizados como um dos indicadores da qualidade da produção intelectual de uma instituição de ensino superior e como instrumento de gestão institucional em nível local e nacional. Descreve o pacote estatístico implantado para gerar dados de uso e de conteúdo do Lume, Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresenta exemplos e sugestões de uso dos indicadores para planejamento, avaliação e gestão institucional. Os indicadores podem ser entendidos como dados estatísticos usados para compreender melhor a produção científica e tecnológica de uma determinada instituição pública ou privada. A construção e o uso de indicadores são estudados por várias áreas do conhecimento, sendo usados tanto para o planejamento/acompanhamento da execução de políticas, para avaliar se as ações que estão sendo implementadas em relação às pesquisas científicas estão de acordo com o planejado nos programas de pesquisa e desenvolvimento, como também para que a comunidade científica conheça melhor o sistema no qual está inserida. Quando se fala em indicadores de produtividade, na maioria dos estudos, existe uma grande preocupação em identificar quais são os indicadores mais apropriados, se os que informam a quantidade de publicações produzidas por uma determinada área ou grupo ou se os que indicam os trabalhos que proporcionaram as maiores contribuições para a ciência, de forma mais barata e com um grande grau de objetividade. Isso levanta o questionamento de quais os indicadores mais apropriados, os quantitativos ou os qualitativos. A utilização de técnicas quantitativas caracteriza-se pela adoção de uma estratégia modelada nas ciências naturais e baseadas em observações empíricas para explicitar fatos e fazer previsões e buscam a objetividade através de uma lógica formal com neutralidade no processo de investigação [1]. Os pressupostos qualitativos são contrários ao modelo experimental. Adotam métodos e técnicas próprias, deixam a verificação das regularidades para se dedicarem à análise dos significados que os indivíduos dão às suas ações, no espaço que constroem as suas vidas e suas relações. Em virtude da dificuldade em julgar a qualidade científica, onde o principal problema é definir o que é qualidade e reconhecer univocamente suas características, os indicadores de quantidade têm sido os mais utilizados, devido à facilidade com que podem ser coletados, mensurados e avaliados, podendo proporcionar uma base objetiva para o planejamento. Os indicadores de produção científica são construídos pela contagem do número de publicações por tipo de documento (livros, artigos, relatórios, etc.), por instituição, área de conhecimento, país, etc. O indicador básico é o número de publicações, que procura refletir características da produção ou do esforço empreendido, mas não mede a qualidade das publicações. Para Viotti e Macedo [2] as razões para usar indicadores para medir a produtividade em C&T podem ser de natureza variada, entre elas destacam-se as científicas, as políticas ou as pragmáticas. As razões científicas estão vinculadas a fatores que influenciam a direção e a velocidade do processo de expansão do conhecimento científico e que determinam os processos de inovação, difusão e absorção de tecnologias. As razões políticas podem auxiliar na implementação de políticas mais eficientes que permitam acompanhar, avaliar e aperfeiçoar a produtividade, monitorar a capacidade científica e tecnológica de uma instituição, avaliar se os resultados obtidos correspondem aos investimentos, avaliar a performance de grupos de pesquisa, identificar áreas mais promissoras e fundamentar debates sobre políticas já estabelecidas. As razões pragmáticas dizem respeito ao monitoramento de tendências e perspectivas, identificando competências e oportunidades, fundamentando as decisões de investimentos e avaliando o impacto. Uma última questão relativa aos indicadores diz respeito à necessidade de que as coletas estatísticas sejam realizadas de forma sistemática e obedecendo ao mesmo padrão de dados. Só assim elas serão capazes de gerar séries históricas confiáveis e comparáveis, fornecendo informações adequadas à geração de indicadores [3]. Pelos motivos expostos acima e por acreditar que medir o desempenho científico por meio da contagem de publicações é uma forma clara e transparente que permite à Universidade avaliar o volume da produção científica do seu corpo docente, bem como de estabelecer indicadores que sirvam para dar suporte ao processo de planejamento, acompanhamento e avaliação do programa de gestão nas áreas de ensino e pesquisa institucionais, este trabalho apresenta uma proposta de uso dessas informações no processo de planejamento institucional. O módulo de estatísticas do Lume, desenvolvido com base em sugestões de pesquisadores entrevistados durante um trabalho de pesquisa precedente, permite que os dados de acessos e downloads sejam apresentados de diversas formas: agrupadas por comunidade ou coleção; agrupadas por autor ou palavra-chave; ou a partir de um grupo de itens resultantes de uma busca avançada. O desenvolvimento e as implementações feitas no módulo de estatísticas do Lume, além daquelas oferecidas pela ferramenta DSpace, em seu formato padrão, têm o propósito de ampliar as possibilidades de extração de dados estatísticos decorrentes de seu uso. Os dados estatísticos de uso e conteúdo fornecidos pelos diversos repositórios institucionais brasileiros podem subsidiar não só a administração das instituições mantenedoras de repositórios como as agências de fomento na identificação dos indicadores de produtividade, os quais possibilitam dimensionar resultados, mediante produtos acadêmicos disponibilizados à sociedade, e nos processos de tomada de decisão, planejamento e gestão. Desta forma os repositórios institucionais além da sua função de armazenar, preservar, divulgar e dar acesso à produção intelectual de comunidades universitárias, assim como difundir e dar ampla visibilidade a essa produção junto à sociedade, podem contribuir fornecendo dados estatísticos, que constituem rica fonte de informação para o processo de planejamento, acompanhamento e avaliação institucional.


Palavras-chave


Indicadores de produtividade; Produção intelectual; Produção científica; Gestão universitária; Repositórios institucionais