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Repositório: uma solução possível para o acesso, visibilidade e preservação do conhecimento científico produzido em PANAFTOSA – OPAS/OMS.
Dayse Carias Bersot, Dra. Cícera Henrique da Silva

Última alteração: 2013-07-29

Resumo


Um repositório institucional de acesso aberto é algo que vai além de um simples arquivo para armazenar documentos. Em primeiro lugar, responde ao compromisso de uma instituição de tornar visível o conhecimento que ela gera, além de preservar a produção de toda a rede de profissionais que trabalha com informação: bibliotecários, técnicos informáticos, pesquisadores e gestores de instituições. Uma eficiente participação de todas as partes permitirá que o repositório seja uma realidade e ofereça ao público todo o conhecimento gerado, explicitando a identidade da instituição.

Por muito tempo, pensava-se o ambiente da biblioteca como um lugar tranquilo, onde o silêncio era obrigatório e o cenário estava completamente distante da agitação da vida cotidiana. Nos últimos anos, a nova imagem da biblioteca vem se consolidando como um espaço sem muros, caminhando rumo aos avanços que a tecnologia vem disponibilizando.

Atualmente fala-se muito dos ambientes virtuais e de um novo modelo de trabalho feito na prática cotidiana das bibliotecas, que passou a ser feito em espaços digitais, além da possibilidade de pesquisas e visitas a acervos de museus e arquivos sem sair de casa, utilizando o que os recursos que a Internet pode oferecer.

Neste sentido, podemos perceber que estamos inseridos num contexto em que a Sociedade do Conhecimento, as mudanças e as inovações tecnológicas ocorrem num ritmo tão acelerado que se torna fundamental identificar e gerir inteligentemente o conhecimento das pessoas nas organizações. Esta nova era pressupõe uma imensa oportunidade de disseminar democraticamente as informações e utilizá-las para gerar novos conhecimentos que levem as novas gerações em direção a uma sociedade mais justa e informada.

Diante deste contexto surge a necessidade do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa - OPAS/OMS (PANAFTOSA) estra inserido na pratica da preservação utilizando as ferramentas tecnológicas. PANAFTOSA é um organismo internacional que faz parte do Programa de Saúde Pública Veterinária da Organização Pan-Americana e Mundial da Saúde, que tem como missão fundamental exercer cooperação técnica com os países do continente americano na organização, desenvolvimento e fortalecimento de programas de ação nacionais e regionais para o controle e erradicação da febre aftosa, no desenvolvimento de ações ligadas zoonoses de impacto na saúde humana e produção animal e por ultimo e não menos importante atuar nas iniciativas ligadas a inocuidade dos alimentos.

Esse papel de coordenação permite antever a importância da informação como elo de ligação entre os países e como principal motor nos programas de prevenção, que se apoiaram no esclarecimento e entendimento de formas de contaminação das doenças.

Entre os principais feitos de PANAFTOSA - OPAS/OMS está o desenvolvimento semi-industrial da vacina anti-aftosa e a transferência de tecnologias para os países, realizados no período de 1978 a 1984. Esse fato, sem dúvida, é um importante marco na memória das equipes de profissionais que trabalharam na instituição, sedimentando a sua relevância no cenário da Saúde Pública Veterinária.

De 1990 a 1991 foram incorporados métodos de biotecnologia no diagnóstico e controle da vacina. No que diz respeito à formação de recursos humanos, de 1953 até 1991, foram capacitados mais de 5000 profissionais em cursos e projetos da instituição. Isso mostra a importância do trabalho realizado por PANAFTOSA - OPAS/OMS, e o valor de toda a história registrada e preservada na instituição.

A febre aftosa retorna ao cenário agropecuário e encontra-se disseminada em quase todos os continentes. Além de preocupações com a saúde animal e produtividade agropecuária, os governos se mobilizam para garantir sua fatia no comercio exterior, já que existem restrições pesadas para comercialização de carnes de rebanhos suspeitos de contaminação. O Rio Grande do Sul, estado brasileiro, sofreu grandes prejuízos, com consequências visíveis no que tange aos aspectos econômicos, sociais e políticos.

Do ponto de vista do conhecimento, o que se pensava fazer parte da memória e história, retorna a atualidade. Todas as fontes produzidas que até então faziam parte do acervo histórico da instituição foram usadas como suporte para as novas ações a serem revistas ou implementadas.

Nasce, assim, uma oportunidade única de se trabalhar com a memória do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa - OPAS/OMS, que vem ao longo de seus quase 62 anos de existência, desenvolvendo e reunindo um expressivo acervo documental, resultado de suas atividades de pesquisa, tecnologia, produção e controle de vacinas. Documentos que relatam os resultados de ações de coordenação entre países, de programas de educação para prevenção, além de um acervo iconográfico que retrata as diferentes fases da instituição e que eternizam momentos únicos.

O acervo documental que se encontra mais organizado é o do Centro de Gestão do Conhecimento/Biblioteca (CGC), estruturado em catálogos de fichas que cobrem o período de 1951 a 1986, e em uma base de dados local (Nutshell Plus), cobrindo o período de 1951 até o ano de 2004 e também há muita documentação histórica indexada na Biblioteca Virtual de Saúde Pública Veterinária. Este acervo é misto, somando a produção de artigos, boletins, relatórios técnicos, fotografias e material de eventos nos quais a instituição participou e/ou organizou. Desconhece-se, entretanto, se outros departamentos de PANAFTOSA - OPAS/OMS guardam documentos que possam complementar os do CGC.

Diante da realidade apresentada, observa-se que a história e a memória deveriam estar em posição de destaque na instituição. Pensou-se que a criação de um Repositório Institucional atuaria como fonte que concentraria toda informação e conhecimento histórico, além de atuar como ferramenta de divulgação e disseminação do conhecimento. Atualmente as informações que compõem a memória da instituição, não têm qualquer tipo de tratamento para rastreabilidade e recuperação rápida.

A disponibilização do conteúdo que compreende a história e a memória de PANAFTOSA - OPAS/OMS se apresenta assim como bastante importante, na medida em que se busca articular em um mesmo ambiente, organizado sobre a mesma lógica, o conhecimento construído ao longo de mais de seis décadas de existência da instituição.


Palavras-chave


Repositório Institucional; Acesso Aberto; PANAFTOSA; Memória