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MAPEAMENTO E ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DAS MUDANÇAS ASSOCIADAS AO ACESSO ABERTO À LITERATURA CIENTÍFICA COM BIBLIOTECÁRIOS E PROFISSIONAIS DE INFORMAÇÃO DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS FEDERAIS E ESTADUAIS DO BRASIL
Rafael Antonio Di Foggi, Ariadne Chloe Mary Furnival

Última alteração: 2013-09-11

Resumo


O objetivo desta pesquisa foi explorar as percepções dos bibliotecários e profissionais de informação das bibliotecas universitárias públicas federais e estaduais do Brasil localizados na frente do potencial impacto do movimento de acesso aberto (OA) à literatura científica. Mais especificamente, mapear a visão que estes profissionais detêm do papel da sua profissão no movimento de OA no Brasil, levantar suas responsabilidades profissionais em relação à implementação e promoção do OA na sua instituição e eliciar suas opiniões relativas às suas percepções da sua formação na graduação, no que diz respeito a sua preparação para lidar com tais mudanças. Esta pesquisa possui uma abordagem metodológica qualitativo-quantitativa. Um questionário foi criado, adaptado daquele de Palmer, Dill e Christie (2009), que traçou o perfil do profissional responsável pela biblioteca digital e repositório institucional nos Estados Unidos, adequando-o ao cenário brasileiro. Este questionário foi criado na plataforma Limesurvey, e em seguida, hospedado em um servidor na Instituição dos autores, onde pôde ser testado em pré-teste. O questionário foi composto por um total de 28 perguntas, sendo 06 perguntas que compreenderam dados pessoais e 22 perguntas fechadas sobre OA, de múltipla escolha, algumas com opções de campo “outros” a serem preenchidos com mais detalhes, caso o respondente quisesse. Adotou-se o envio através de e-mail, pela facilidade e rapidez que lhe é peculiar. O número de questionários retornados foi excelente. Enviou-se 1125 questionários, para bibliotecários de todas as Universidades Federais do Brasil, mais uma Universidade Estadual de cada estado, e foram obtidos 244 questionários respondidos na íntegra, totalizando 21,68%. A lista de e-mails foi construída manualmente, através de busca nos sites das bibliotecas, onde se localizou os e-mails dos bibliotecários, com exceção dos bibliotecários da Universidade de São Paulo, onde se obteve o apoio do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi-USP), que enviou o referido questionário a todos os bibliotecários daquela universidade. Para efeito de análise dos dados, descartou-se os questionários incompletos e também alguns completos que foram respondidos por técnicos ou auxiliares de documentação, considerando, portanto, 232 questionários completos para análise. Os dados levantados foram submetidos a uma análise estatística simples, utilizando o software Vantage Point, e em seguida apresentados na forma de tabelas e gráficos confeccionados no software Microsoft Office Excel. Nos resultados, identificou-se que os profissionais bibliotecários das universidades públicas do Brasil entendem corretamente o conceito do OA como sendo o “acesso gratuito para usuários no mundo todo (que tem acesso à internet) a artigos científicos publicados em revistas científicas de acesso aberto ou repositórios (arquivos) digitais, online. Porem, 64% destes profissionais não possui o correto conhecimento sobre os direitos autorais sobre publicações em OA. São profissionais que concordam plenamente (78%) que o OA pode falhar se não houver um envolvimento das bibliotecas universitárias. Noventa e quatro por cento (94%) entendem que os princípios do OA se relacionam com as propostas das bibliotecas universitárias, contribuindo para que haja uma mudança no panorama de informação. Noventa e seis por cento (96%) concordam que tem a responsabilidade de ser o “fio condutor” no processo de conscientizar seus usuários sobre o movimento de publicação em OA, sobre os direitos autorais em suas publicações científicas, incentivando que seus usuários depositem versões da sua produção científica e materiais de pesquisa (banco de dados, apresentações multimídias, relatórios de pesquisa) em repositórios de OA de suas instituições. A visão que estes profissionais têm sobre o papel da biblioteca ou centro de informação diante do movimento de publicação em OA é de que estas instituições devem exercer papel de incentivadoras de políticas de promoção ao OA junto aos órgãos administrativos das universidades, criando cargos para profissionais de OA trabalharem com projetos diretamente nessa área. Para isso, 84% concordam quese devem realocar recursos existentes para projetos de desenvolvimento de repositórios de acesso aberto. Noventa e um por cento (91%) dos profissionais concordam que as bibliotecas ou centros de informação são os órgãos mais competentes e adequados dentro da universidade para trabalhar com repositórios digitais de OA. Em relação ao envolvimento teórico dos profissionais bibliotecários das universidades públicas federais e estaduais do Brasil na busca pelo conhecimento sobre o movimento de publicações em acesso aberto, verificou-se que estes profissionais ainda não estão embasados cientificamente sobre o assunto. O índice de leitura sobre o tema, seja em websites, blogs, listas de discussão ou em revistas científicas, revistas, jornais ou livros ainda é muito pequeno, cerca de 25%. E apenas 13% sempre participam de discussões sobre OA com outros bibliotecários de bibliotecas universitárias, seja do próprio campus ou de fora dele. Em relação à formação, 81% não tiveram disciplinas na graduação com conteúdo que tratassem sobre repositórios de OA, e 74% afirmam não ser relevante que isso ocorra para eles estarem ou não preparados em lidar com o movimento de publicação em OA. Considerando sua formação como um todo, 97% foram preparados de alguma maneira para lidar sobre o tema. E para finalizar, o perfil destes profissionais é de pessoas predominantemente do sexo feminino (80%), com 57% de idade entre 30-49 anos, atuando como Bibliotecários, e 27% deles desempenhando papel de chefia. Em relação a suas formações, a grande maioria cursou a graduação neste século (entre 2000 e 2012), sendo que 65% possuem curso de especialização/MBA, concentrados nas áreas de Gestão Pública e Biblioteconomia. Destes, 23% concluíram o mestrado, afirmando assim, que esta geração de bibliotecários tem buscado constante atualização profissional. Oitenta por cento (80%) deles trabalham em instituições que possuem repositórios digitais, porem, poucos trabalham diretamente com atividades ligadas a este tema. Para concluir, entende-se que no geral, os resultados demonstram que os bibliotecários das bibliotecas universitárias públicas federais e estaduais do Brasil aceitam os preceitos e princípios do OA, vêem que tem um papel crucial na sua promoção e sentem capacitadas para lidar com os desafios que isso traz, visto que estão procurando constante atualização/capacitação profissional. 

Palavras-chave


(Repositórios de Acesso Aberto; Literatura científica; Bibliotecários; Ciência da Informação)