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Análise das políticas de autoarquivamento nos repositórios brasileiros e portugueses
Taina Batista

Última alteração: 2013-07-26

Resumo


Os repositórios institucionais são bases de dados que tem por objetivo
armazenar e preservar a produção intelectual de uma instituição. Trata-se de
um conceito distinto de repositórios temáticos já que estes estão voltados para
o armazenamento da produção intelectual de áreas do conhecimento em
particular, podendo ser alimentados por mais de uma instituição (LEITE, 2009).
Dentre outros aspectos, o autoarquivamento constitui um atributo que deve
estar presente em um repositório institucional, podendo ser entendido como
uma estratégia fundamental para o povoamento dos RIs. O autoarquivamento
se refere ao depósito do documento no repositório institucional realizado pelo
próprio autor. A adoção do autoarquivamento por parte da instituição busca
maximizar a quantidade e garantir os depósitos nos repositórios institucionais.
Motivos que podem impedir o autoarquivamento: desconhecimento por parte
dos autores sobre o Movimento de Acesso Aberto, sobre as questões
relacionadas aos direitos autorais, o processo de avaliação por pares, o
impacto do trabalho em acesso aberto entre outros fatores (MELERO, 2007).
Com esta pesquisa pretende-se verificar a existência de políticas de
autoarquivamento nos repositórios institucionais brasileiros e portugueses, bem
como a identificação de materiais de apoio ao autor para a realização de tal
atividade. Para o estudo foram considerados os repositórios brasileiros e
portugueses registrados no Directory of Open Access Repositories –
OpenDoar. Para tanto, três critérios foram adotados na pesquisa: 1.
Refinamento por país (Brasil e Portugal) dos repositórios registrados no
OpenDoar. Para o cumprimento desse primeiro critério foi adotada a seguinte
metodologia: a) Na página inicial do diretório OpenDoar foi selecionado o link
para a pesquisa dos repositórios (Search for repositories). Os demais campos
permaneceram inalterados. b) Na página seguinte, no campo Any Country foi
selecionado o país Brasil. c) Os dados coletados foram organizados em uma
planilha. Para o levantamento dos repositórios de Portugal foi utilizado o
mesmo processo, tendo apenas a mudança na escolha do país selecionando
Portugal no campo Any Country. 2. Identificação dos repositórios brasileiros e
portugueses que são institucionais, segundo a definição de Leite (2009). 3.
Dentre os repositórios apresentados no item anterior, a identificação de quais
possuíam políticas de autoarquivamento. 4. Uma vez identificadas as políticas,
foram observados os critérios quanto à obrigatoriedade, sanção sobre a não
realização do depósito e a existências de materiais didáticos para os autores
realizarem os depósitos. Como principais resultados tem-se que: 1. Quanto ao
primeiro critério, foram recuperados 67 repositórios brasileiros registrados no
OpenDoar e 43 repositórios portugueses. 2. Quanto à aplicação do segundo
critério da pesquisa, observou-se que do universo inicial apresentado no item
anterior, reduziu-se para 26 repositórios institucionais brasileiros e 28
repositórios institucionais portugueses. Não foi possível a avaliação de 9
repositórios (tanto portugueses quanto brasileiros) em razão de erro
apresentado na página do sistema da instituição. 3. Com relação ao terceiro
critério e do universo de repositórios apresentado no primeiro item, tem-se que
20 repositórios (sendo 8 brasileiros e 12 portugueses) apresentaram política na
página do repositório institucional. Entretanto, sobre as políticas identificadas,
observou-se que todas as instituições do universo português fazem menção ao
autoarquivamento, enquanto que no Brasil, três instituições fazem essa
referência. As demais políticas encontradas são institucionais ou de
informação. 4. Por fim, com relação ao último item da metodologia adotada, não foi identificada nenhuma forma de sanção expressa na política quanto a não realização do processo de autoarquivamento, tanto no contexto brasileiro quanto no português. Sobre os materiais de apoio disponíveis para o autor para a realização da submissão de um documento no repositório, foi observado que as instituições (brasileiras e portuguesas) que têm a sua política de autoarquivamento estabelecida, disponibilizaram materiais didáticos aos autores, tais como vídeos tutoriais, guias com passo-a-passo para a realização do depósito e disponíveis para downloads e páginas de perguntas e respostas. Notou-se também que três instituições portuguesas apresentaram guias tutoriais disponíveis na página do sistema, porém não há a apresentação da política em si. Conclui-se que no processo de registro do repositório no diretório não há o entendimento do que é repositório institucional por parte das próprias instituições. Foi observado esse fato ao realizar uma busca no mesmo diretório utilizando o campo Any Repository Type e serem recuperados também repositórios que não são institucionais, segundo a classificação adotada por este trabalho. Para o alcance do autoarquivamento e a maximização dos números de documentos em acesso aberto nos repositórios institucionais, a instituição deve definir a sua política de obrigatoriedade de depósito. Estudos comprovam como o de Suber (2009) que a quantidade de depósito é baixo quando a política não é um requisito. Uma das formas de garantir a participação da comunidade científica da instituição e fazer com que entendam a importância do processo de autoarquivamento para o desenvolvimento de novas pesquisas. Para tanto, no trabalho que envolve a tarefa do autor que é a submissão do próprio trabalho devem estar presentes serviços de atendimento direcionados a esse processo, como a disponibilização dos tutoriais. Foi observada nesta pesquisa a preocupação das instituições em oferecer esse apoio ao autor. Recomenda-se o desenvolvimento de novos estudos para que a questão levantada seja discutida com maior profundidade.
Palavras-chave: Autoarquivamento. Repositórios institucionais. Políticas de autoarquivamento.
LEITE, Fernando César Lima. Como gerenciar e ampliar a visibilidade da informação científica brasileira: repositórios institucionais de acesso aberto. Brasília: Ibict, 2009.
MELERO, Remedios. Políticas sobre el libre acceso a la producción científica y la respuesta de los autores. In: Congreso de Comunicación Social de la Ciencia, 4., Madrid, 2007. Disponível em: < http://eprints.rclis.org/10429/>. Acesso em: 30 abr. de 2013.
SUBER, Peter. Open access policy options for funding agencies and universities. Welcome to the SPARC Open Access Newsletter, n. 130. fev. 2009. Disponível em: <http://www.earlham.edu/~peters/fos/newsletter/02-02-09.htm>. Acesso em: 14 fev. 2012

Palavras-chave


auto-arquivamento