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O papel do bibliotecário na implementação de Repositórios Institucionais: a estratégia advocacy
Renato Reis Nunes

Última alteração: 2013-10-04

Resumo


Desde que o conceito do movimento de Acesso Livre à informação científica foi consagrado no Budapest Open Access Initiative (2002), na Bethesda Statement on Open Access Publishing (2003) e na Declaração de Berlin sobre Acesso Aberto ao Conhecimento nas Ciências e Humanidades (2003), diversas iniciativas tem surgido no âmbito da comunicação científica. Recentemente, um número substancial de projetos baseados nas iniciativas de acesso livre tem proporcionado a criação e o apoio de repositórios institucionais (RIs) ou temáticos, nos quais os pesquisadores são encorajados a depositarem seus preprints postprints (versões de artigos pré e pós-revisão por pares e subsequente publicação). Este modo de publicação em acesso livre, centrado em repositórios, é conhecido como a via verde (green road).

Apesar dos Repositórios Institucionais terem sido alvo de grande atenção por parte de instituições de fomento da comunicação técnico-científica, a discussão acerca desta ferramenta tem sido em pequena escala, contexto mais agravante em termos de Brasil. São poucos os profissionais da informação que realmente tem se preocupado ou questionado sobre seu papel frente a estas novas ferramentas de disseminação da informação técnico-científica (RODRIGUES, 2004).

Sabe-se que no que tange o uso de repositórios de acesso aberto com o objetivo de ampla divulgação dos resultados da investigação exige-se, acima de tudo, uma alteração no comportamento dos investigadores da comunidade científica, juntamente com apoio e procedimentos normativos institucionais existentes, como por exemplo, mandatos de acesso aberto. O conjunto de atividades que tem como objetivo promover as iniciativas do acesso livre e incentivar os investigadores e outras partes interessadas relevantes a incorporar essas formas nos fluxos de trabalho existentes é designado geralmente de “advocacy” ou promoção.

A estratégia em advocacy pode ser realizada por apenas uma pessoa, mas se fortalece pela formação de uma rede de pessoas e parcerias identificadas com a causa.  Por exemplo, a formação de um grupo de apoio para Bibliotecas Públicas tem a intenção de influenciar o ambiente político, assim como programas e orçamentos municipais, construindo ações eficazes de impacto social e favorecimento da comunidade local.

Os participantes das estratégias de advocacy tentam reestruturar questões, reconfigurar o discurso atual, introduzir novas ideias e ao fazê-lo “atrair a atenção e incentivar a ação” (Keck e Sikkink, 1998).

Resumidamente, podemos dizer que por advocacy entendemos o ato de identificar, adotar e promover uma causa.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho é, portanto, destacar o papel do Bibliotecário Brasileiro neste contínuo processo de mudança que está ocorrendo na comunicação científica, cujas demandas exigirão sua inserção nos movimentos e iniciativas surgidas em todo o mundo, no intuito de um amplo acesso à literatura técnico-científica. Para isso, é premente que o bibliotecário conheça o panorama atual e recente das alterações que as tecnologias da informação e comunicação trouxeram para a ciência e disseminá-la através do advocacy, de forma que cada vez mais pesquisadores possam entender e aderir ao movimento de acesso livre à informação técnico-científica.