Conferências Acesso Aberto, 16ª Conferência Lusófona de Ciência Aberta

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A Percepção dos alunos sobre o Acesso Aberto: um estudo com os usuários da Biblioteca Setorial de Ciências Exatas e Engenharias da UFAM
Geyse Maria Almeida Costa de Carvalho, Nilma Francisca Paz Gama

Última alteração: 2025-04-14

Resumo


Para compreender a percepção dos usuários da Biblioteca Setorial de Ciências Exatas e Engenharias da UFAM sobre o conceito de Acesso Aberto, foi conduzida uma pesquisa exploratória a partir do conceito de Lösch, Rambo e Ferreira (2023),  com abordagem qualiquantitativa. A amostragem utilizada foi de conveniência, composta por estudantes que, voluntariamente, aceitaram responder ao questionário aplicado entre os dias 31 de março e 4 de abril de 2025. Durante esse período, os usuários que passaram pela biblioteca foram convidados a participar do estudo, totalizando 70 respondentes de diferentes níveis de ensino, incluindo graduação (público-alvo da biblioteca), alunos de graduação de outras áreas e pós-graduandos. O instrumento de coleta de dados consistiu em um formulário estruturado com 10 perguntas, entre questões fechadas e abertas, cujo objetivo central foi identificar o nível de conhecimento, as percepções e as práticas desses usuários em relação ao Acesso Aberto.

A análise dos dados obtidos revela um panorama preocupante quanto ao nível de compreensão do público estudado. Observa-se que apenas 34,3% dos participantes afirmaram saber o que significa Acesso Aberto, sendo esse percentual ligeiramente mais elevado entre os alunos de graduação (37,3%). No entanto, os dados mostram que esse conhecimento é, em muitos casos, superficial ou impreciso. Entre os pós-graduandos, embora todos os respondentes tenham declarado conhecer o conceito, o número reduzido de participantes nesse grupo (apenas dois) limita a generalização dessa constatação. Já no grupo de alunos de outras áreas, o desconhecimento é  absoluto, com 100% dos participantes afirmando desconhecer o termo.

64% dos participantes nunca receberam qualquer tipo de orientação sobre o tema, e entre os que receberam, a maior parte cita professores como principal fonte de informação. Apenas dois mencionaram a biblioteca como agente formador, o que reforça a necessidade de repensar o papel das bibliotecas universitárias na promoção da cultura informacional. Além disso, apenas 18,6% dos respondentes afirmaram saber identificar uma revista científica de Acesso Aberto. No entanto, as respostas indicam que muitos confundem esse conceito com o simples fato de conseguir acessar um conteúdo de forma gratuita, sem considerar que o Acesso Aberto envolve também outras características importantes, conforme destacado pelo portal ABCD USP (n.d.), como a permissão para reutilização dos materiais e a transparência nas condições de publicação, por exemplo.

As respostas abertas evidenciaram essa lacuna conceitual de forma ainda mais clara: 47,4% dos participantes declararam explicitamente não saber o que é Acesso Aberto, 26,3% demonstraram algum entendimento parcial, muitas vezes associado a plataformas ou buscadores, e apenas 26,3% apresentaram definições coerentes com os princípios do movimento de Acesso Aberto, mencionando o livre acesso à produção científica e a ausência de barreiras legais e financeiras.

Os resultados apontam para uma significativa deficiência no conhecimento sobre o Acesso Aberto entre os usuários da biblioteca. Essa constatação reforça a necessidade indispensável de ações de capacitação e disseminação de informações sobre o tema. Cabe à equipe da Biblioteca Setorial de Ciências Exatas e Engenharias, promover capacitações, materiais informativos e ações que contribuam para a formação crítica e autônoma dos estudantes quanto ao acesso e uso da informação científica.


Palavras-chave


Acesso Aberto; Biblioteca Universitária; Alfabetização Informacional