A Ciência Cidadã (CC) representa uma das expressões práticas e transformadoras da Ciência Aberta (CA), ao promover o envolvimento ativo dos cidadãos em diferentes etapas do processo de investigação. No campo da saúde, especialmente na investigação em enfermagem, a integração dos cidadãos, enquanto parceiros da investigação, contribui para a democratização do conhecimento e para a construção de soluções mais relevantes, éticas e alinhadas com as reais necessidades sociais. Este envolvimento promove ainda a literacia científica e em saúde, e por esta via, decisões em saúde mais informadas e conscientes. A abordagem participativa da CC reforça a transparência, a confiança na ciência e a sua apropriação como bem comum. Este trabalho tem como objetivo descrever e analisar as estratégias implementadas no âmbito do Eixo Extensão e envolvimento dos cidadãos da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, para integrar os princípios da CC nos projetos de investigação desenvolvidos. As iniciativas adotadas têm caráter estruturante e sustentam-se em três dimensões principais: i) Sensibilização e aproximação entre ciência e sociedade, através da realização de eventos abertos, como os Festivais Sociais da Ciência, exposições e atividades no espaço público, que permitem tornar a investigação mais visível, acessível e dialogante; ii) Capacitação e cocriação com os cidadãos, por meio de oficinas, sessões participativas e desenvolvimento de instrumentos de investigação e materiais de comunicação científica, como os folhetos “Ciência para o Cidadão”, cocriados e validados em colaboração com a comunidade; iii) Participação ativa e sistematizada dos cidadãos nos projetos, com a criação de uma bolsa de cidadãos e a implementação de diferentes abordagens de envolvimento — consultivo, colaborativo e coprodutivo — em distintas fases da investigação, da formulação do problema à disseminação dos resultados. Estas ações visam não apenas promover o envolvimento dos cidadãos em investigações específicas, mas também desenvolver conhecimento sobre o próprio paradigma da CC, contribuindo para a consolidação de uma prática científica mais aberta, inclusiva e participativa. A originalidade desta experiência reside na forma como articula o envolvimento do cidadão, saúde pública e investigação científica num modelo replicável de ciência aberta com impacto local e potencial de escalabilidade. O trabalho desenvolvido revela como a CC pode ser operacionalizada de forma transversal em unidades de investigação, ao mesmo tempo em que reforça a missão social das Instituições de Ensino Superior na promoção de uma ciência com e para a sociedade.