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Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações: Dez anos de interoperabilidade
Diego José Macedo, Milton Shintaku, Gabriel Franklin Mathias, roberto novaes

Última alteração: 2013-07-26

Resumo


A Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) é um marco do Movimento de Acesso Aberto à Informação Científica no Brasil. Nascida em 2002, completou em 2012 dez anos, com uma história de grandes feitos, sendo a primeira iniciativa que integrou sistemas de informação, via os preceitos da interoperabilidade, de quase todos os estados brasileiros. Segundo Kuramoto (2011), um trabalho de unificação de iniciativas isoladas. Assim, potencializar a visibilidade da produção acadêmica brasileira, no nível de pós-graduação. Com desenvolvimento coordenado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), a BDTD tem ação sobre a promoção de  acesso a Teses e Dissertações (TDs) de forma ampla. Dessa forma, ampliando a circulação de uma literatura que, para muitos estudiosos, eram consideradas literatura cinzenta. Alberani (1990), por exemplo, coloca as teses e dissertações no mesmo escopo, em relação à circulação, com relatórios técnicos e atas de conferências. Entretanto, atualmente, as teses e dissertações brasileiras, com inegável apoio da BDTD, tornou-se uma literatura com maior facilidade de acesso.  Pelo pioneirismo e tecnologias utilizadas, a BDTD é importante sob vários aspectos, sendo que o tratado no presente estudo, relaciona-se com a interoperabilidade. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo é apresentar os 10 primeiros anos da BDTD, focando as questões técnicas e tecnológicas, que envolvem a interconexões entre os sistemas pertencentes a BDTD. Apresentar um histórico dessa iniciativa pioneira no Brasil. Descrevendo, assim, um pouco da história, pelo cunho técnico e tecnologico, desse importante serviço brasileiro. A abordagem etnográfica do estudo dá-se pelo levantamento histórico efetuado por funcionários e colaboradores do Ibict, que ao longo do tempo, acompanharam, diretamente ou indiretamente, o projeto. Essa abordagem aproxima os estudos antropológicos das descrições tecnico-tecnológicas relacionadas a desenvolvimento e implementação dos sistemas de informação.  Historicamente, com relatado por Southwick (2006), a BDTD nasceu da iniciativa do Ibict em desenvolver a Biblioteca Digital Brasileira (BDB), no final de 2001, financiada pela Financiadora de Estudos e Pesquisa (FINEP). Nesse âmbito, a BDTD era uma das ações relacionadas à BDB, que possui um escopo maior relacionado a produção científica nacional. Assim, a BDTD restringe-se a disseminação das teses e dissertações.  Assim, em 2002, com o projeto aprovado, iniciou-se o projeto. Consistindo em três iniciativas, o desenvolvimento das bibliotecas digitais de teses e dissertações locais, de um sistema coletador automático de metadados e de um sistema de nacional de consolidação de metadados. Para tanto, contou com a consultoria da Universidade de São Paulo (USP, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Nesse sentido, para implementação de um sistema tão complexo, várias etapas foram planejadas, como relata Southwick (opus cit), tais como: arquitetura do sistema, definição de metadados, ferramentas, pacote de software, entre outros. A BDTD emprega um modelo distribuído utilizando tecnologias de arquivos abertos. As IES são provedoras de dados e o Ibict opera, nesta rede, como agregador, coletando os metadados, provendo serviços de informação sobre estes metadados e disponibilizando-os para serem coletados por outros provedores de serviços. Para o nosso estudo, destaca-se a questão da implementação da coleta automática de metadados, com todas as suas relações. Ressalta-se a questão do padrão de metadados desenvolvido para a BDTD. O Padrão Brasileiro de Metadados de Teses e Dissertações (MTD-BR), que abrange todos os principais metadados dos esquemas de metadados Dublin Core e Eletronic Theses and Dissertation - Metadadata Schema da NTDLTD e implantou a camada do Protocolo OAI-PMH, para expor os metadados referentes as teses e dissertações publicadas nas IES. Nos dias atuais, estudos são feitos para atualização do MTD-BR. Para um projeto piloto, em 2002, implementou-se no Ibict um coletador (harvester), que é um programa que utiliza a interface oferecida pelo protocolo OAI-PMH para coletar metadados, baseado na tecnologia distribuída pela Virginia Tech, com tecnologia desenvolvida em Perl. Da mesma forma, A PUC-Rio, UFSC e USP, implementaram provedores de dados com camadas de protocolo OAI, utilizando o mesmo padrão da Virginia Tech. Assim, a BDTD iniciou  a coleta automática de metadados com três instituições, inaugurando a interoperabilidade de teses e dissertações. Em 2003, em um processo de fomento das bibliotecas digitais, o Ibict desenvolveu e  distribuiu o sistema TEDE, que permitia a criação de bibliotecas digitais com um processo de alimentação do sistema baseado no autoarquivamento, com camada de protocolo que respondia ao harvesting. Dessa forma, iniciou-se, não somente o repasse da ferramenta, mas o repasse de tecnologia de bibliotecas de teses e dissertações locais. Assim, iniciou-se o projeto piloto com o TEDE nas nas instituições, Universidade Católica de Brasília, Universidade de Brasília, Universidade Federal do Ceará e Universidade Federal Fluminense. Posteriormente, pelos problemas enfrentados no fluxo do autoarquivamento, ajustou-se o sistema TEDE para permitir que a biblioteca executasse todas as etapas da submissão de uma tese ou dissertação, criando o TEDE-simplificado. Em contrapartida o sistema TEDE, passou a ser denominado de TEDE-modular. Atualmente, outros sistemas de informação integram o sistema BDTD, como o DSpace e o NouRau. Assim, agrega metadados de 97 instituições com mais de 200 mil registros de documentos em texto completo. Nesse ponto, segundo a NDLTD é o maior agregador, pela quantidade de documentos, de teses e dissertações. Por fim, o histórico apresentado, baseado em questões mais tecnológicas, revelou o início inovador da BDTD. Da mesma forma, revela o espirito empreendedor do Ibict, implementando no Brasil o primeiro serviço a se pautar nos preceitos, tanto do acesso aberto, quanto dos arquivos abertos.





referências



ALBERANI V, Pietrangeli PDC, Mazza AMR (1990). The use of grey literature in health

sciences: a preliminary survey. Bulletin of the Medical Library Association 78(4):

358-363.



KURAMOTO, H. Nove anos da BDTD, Blog do Kuramoto.



SOUTHWICK, S. B. The Brazilian electronic theses and dissertations digital library: providing open access for scholarly information. Ciência da Informação, V. 35, n. 2, 2006.  

 


Palavras-chave


BDTD; interoperabilidade; Ibict; OAI-PMH; Harvesting