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Ciência aberta para quem? Desigualdades informacionais e colonialidade dos dados no Sul Global digital
Última alteração: 2025-04-14
Resumo
O texto “Ciência aberta pra quem?” discute as contradições e desigualdades estruturais na implementação da ciência aberta no Sul Global. Embora defendida como estratégia para democratizar o conhecimento, a ciência aberta frequentemente ignora desigualdades institucionais, tecnológicas e financeiras, o que limita seu impacto em regiões marginalizadas. Pesquisadores do Sul são frequentemente tratados como fontes de dados, enquanto o protagonismo teórico permanece no Norte, perpetuando a colonialidade dos dados. Barreiras como custos de publicação, restrição de acesso a APIs e ausência de infraestrutura local acentuam a exclusão epistêmica. Mesmo quando os dados são formalmente acessíveis, a falta de ferramentas e capacitação limita sua utilização efetiva. O web scraping, usado como alternativa ao acesso restrito, envolve desafios éticos e metodológicos. A crítica não é ao ideal da ciência aberta, mas à sua aplicação sem considerar as desigualdades históricas. Propõe-se uma ciência aberta baseada em justiça cognitiva, autonomia local e participação equitativa, com fortalecimento de infraestruturas descentralizadas e colaborativas. Para ser verdadeiramente inclusiva, a ciência aberta deve ir além do acesso formal, garantindo condições reais de apropriação e uso crítico do conhecimento, reconhecendo pesquisadores do Sul como legítimos produtores de saberes e não apenas fornecedores de dados.
Palavras-chave
ciência aberta; desigualdades epistêmicas; dados digitais; Sul Global