Última alteração: 2025-04-16
Resumo
Introdução: O Brasil é um dos principais produtores de pesquisa no mundo, sendo quase 40% do que é produzido relacionado às ciências da saúde (UNESCO, 2021). As regiões Sudeste e Sul são as regiões que historicamente concentram a maior proporção de grupos de pesquisa (CNPq, 2016). O livre acesso ao conhecimento possibilita o avanço da sociedade através da ciência e educação, representando uma estratégia potente para o desenvolvimento social (UNESCO, 1999). Sendo assim, as instituições possuem papel importante na promoção e monitoramento de práticas científicas que potencializem a contribuição pública e de diversos atores para a produção científica. Objetivo e Justificativa: Este estudo visa avaliar indicadores de ciência aberta, com base em publicações realizadas por pesquisadores afiliados a um hospital universitário do Sul do Brasil. Sendo considerado o 4° melhor hospital público do país, as suas práticas servem como referência a outras instituições brasileiras (IBROSS, 2022). Metodologia: Este foi um estudo descritivo com uma amostra aleatória de 300 artigos publicados no ano de 2023 na plataforma MEDLINE/PubMed, o que representa 40% das publicações indexadas durante o ano, nas quais pelo menos um dos autores apresentava afiliação com a instituição. Para essa análise, os artigos foram analisados e revisados em duplicata por duas revisoras independentes, sendo classificados por tipo de estudo, acesso aberto, compartilhamento de dados e tipo de financiamento. Considerou-se artigo de acesso aberto apenas as publicações que não necessitam de pagamentos ou login institucional para a leitura do texto completo. Quanto ao compartilhamento de dados, nos baseamos apenas em dados brutos disponibilizados em repositórios externos, e não em materiais complementares. Todos os dados analisados no estudo podem ser consultados por meio do seguinte endereço: https://osf.io/cpy3k/. Resultado: A maioria das publicações (68%) é composta por artigos originais. Dentre as publicações analisadas, 70% têm o primeiro ou o último autor vinculado à instituição em análise. Especificamente, 47% dos artigos têm o primeiro autor afiliado, enquanto 63% têm o último autor (geralmente o coordenador da pesquisa) vinculado à mesma instituição. Além disso, as coautorias representam 30% do total. Cerca de 40% das publicações possuíam acesso restrito, e apenas 12% realizavam o compartilhamento de dados. A maioria das pesquisas declararam ter recebido fomento de entes públicos (60%), porém, 45% destas publicações necessitam de acesso pago para a leitura. Por outro lado, 95% das pesquisas que possuíam fomento internacional eram de livre acesso, e 40% disponibilizavam os dados brutos do estudo (Paula, 2025). Conclusão: A análise indica a necessidade de promover uma maior cultura sobre transparência em estudos e acesso aberto aos materiais e dados de pesquisa. Apesar de não existir uma política de ciência aberta consolidada nacionalmente, as instituições também possuem responsabilidade quanto à forma como os dados gerados por suas organizações são utilizados e disponibilizados para maximização do benefício público.