Conferências Acesso Aberto, 16ª Conferência Lusófona de Ciência Aberta

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Monitoramento para Ciência Aberta: Um Estudo sobre Publicações Científicas de uma Instituição Universitária de Referência do Sul do Brasil.
Evelin da Silva Michels de Paula, Karoline dos Santos Rodrigues, Cibele de Melo Ferreira, Rodrigo Leal de Menezes, Daniel Umpierre

Última alteração: 2025-04-16

Resumo


Introdução: O Brasil é um dos principais produtores de pesquisa no mundo, sendo quase 40% do que é produzido relacionado às ciências da saúde (UNESCO, 2021). As regiões Sudeste e Sul são as regiões que historicamente concentram a maior proporção de grupos de pesquisa  (CNPq, 2016). O livre acesso ao conhecimento possibilita o avanço da sociedade através da ciência e educação, representando uma estratégia potente para o desenvolvimento social (UNESCO, 1999). Sendo assim, as instituições possuem papel importante na promoção e monitoramento de práticas científicas que potencializem a contribuição pública e de diversos atores para a produção científica. Objetivo e Justificativa: Este estudo visa avaliar indicadores de ciência aberta, com base em publicações realizadas por pesquisadores afiliados a um hospital universitário do Sul do Brasil. Sendo considerado o 4° melhor hospital público do país, as suas práticas servem como referência a outras instituições brasileiras (IBROSS, 2022). Metodologia: Este foi um estudo descritivo com uma amostra aleatória de 300 artigos publicados no ano de 2023 na plataforma MEDLINE/PubMed, o que representa 40% das publicações indexadas durante o ano, nas quais pelo menos um dos autores apresentava afiliação com a instituição. Para essa análise, os artigos foram analisados e revisados em duplicata por duas revisoras independentes, sendo classificados por tipo de estudo, acesso aberto, compartilhamento de dados e tipo de financiamento. Considerou-se artigo de acesso aberto apenas as publicações que não necessitam de pagamentos ou login institucional para a leitura do texto completo. Quanto ao compartilhamento de dados, nos baseamos apenas em dados brutos disponibilizados em repositórios externos, e não em materiais complementares. Todos os dados analisados no estudo podem ser consultados por meio do seguinte endereço: https://osf.io/cpy3k/. Resultado: A maioria das publicações (68%) é composta por artigos originais. Dentre as publicações analisadas, 70% têm o primeiro ou o último autor vinculado à instituição em análise. Especificamente, 47% dos artigos têm o primeiro autor afiliado, enquanto 63% têm o último autor (geralmente o coordenador da pesquisa) vinculado à mesma instituição. Além disso, as coautorias representam 30% do total. Cerca de 40% das publicações possuíam acesso restrito, e apenas 12% realizavam o compartilhamento de dados. A maioria das pesquisas declararam ter recebido fomento de entes públicos (60%), porém, 45% destas publicações necessitam de acesso pago para a leitura. Por outro lado, 95% das pesquisas que possuíam fomento internacional eram de livre acesso, e 40% disponibilizavam os dados brutos do estudo (Paula, 2025). Conclusão: A análise indica a necessidade de promover uma maior cultura sobre transparência em estudos e acesso aberto aos materiais e dados de pesquisa. Apesar de não existir uma política de ciência aberta consolidada nacionalmente, as instituições também possuem responsabilidade quanto à forma como os dados gerados por suas organizações são utilizados e disponibilizados para maximização do benefício público.


Palavras-chave


Ciência Aberta; Acesso Aberto; Publicação Científica; Compartilhamento de Dados.